A Jornada de Balder Heleny

Balder era um garoto jovem que já tinha enormes sonhos pela frente, e com a sua determinação e vontade, ele ia longe com seus objetivos. Mas a vida é feita de imprevistos e acontecimentos repentinos, e um desses, foi a morte do seu tio mais querido, Kennedy Heleny, que o deixou totalmente sem rumo nada vida, já que ele tinha seu tio como exemplo de homem promissor.

Em seu tempo de auge, onde Kennedy tinha uma empresa de transportes multinacional, ele conseguiu bastante dinheiro e fama, se tornando um ícone da época, e sendo nomeado como empresário referencial por várias revistas. Com esse dinheiro todo, o homem não deixou nenhum parente seu na mão, e por isso Balder sempre foi grato a ele, o garoto sempre buscava está perto do tio para aprender com ele como ser um homem de sucesso.

Mas por conta do destino, o empresário renomado adquiriu uma doença, fazendo com que ele vendesse a sua empresa e se exilasse numa fazenda, onde passou o resto de seus dias. Mesmo Balder sabendo que seu tio estava a beira da morte, ele não se conformou quando soube da noticia do falecimento dele, foi como se tirasse algo de dentro dele de forma repentina.

Já se passava 5 meses após a morte de Kennedy, e o jovem Balder não tinha absorvido ainda a ideia de não tê-lo mais próximo de ti, até que uma batida em sua porta fez com que o rumo da sua vida mudasse. Um homem da justiça lhe trazia uma carta, uma carta que seu tio tinha deixado, aliás, mais do que isso, era uma inventário, deixando a antiga propriedade do seu tio no nome do garoto.

Apesar do rapaz saber da existência dessa propriedade onde seu tio morou no seus últimos dias, Balder nunca tinha ido lá, só mantinha contato com seu familiar por cartas. Tendo conhecimento do local, e que agora era de sua posse, arrumou suas coisas e viajou para o endereço escrito na carta.

Chegando na fazenda, ficou surpreendido pela imensidão do lugar. Era gigantesco, e parecia não ter fim ao olho nu. Na entrada, um caminho de pedra levava a enorme mansão de madeira onde o rapaz se direcionou rapidamente empolgado com o que tinha lá dentro. Conforme se aproximava, percebia que o lugar era bastante vazio, sem vida, e a casa parecia um pouco acabado, principalmente no seu interior. Os móveis empoeirados e surrados pelos cupins. O garoto teria muito trabalho para frente caso quisesse botar vida naquele ambiente morto.

Balder sentia o seu coração quase saltar do peito. Desde pequeno sempre quis ter uma enorme fazenda, cheia de pokemons por todos os lados e por causa do seu tio, ele tivera o pontapé inicial para isso. Na sala de entrada, o menino sorriu e olhou para cima como se conseguisse enxergar o seu tio a olhá-lo.

- Muito obrigado tio, irei realizar o meu sonho por mim e pelo senhor.

Era hora de se aventurar, inicialmente pela fazenda, conhecer os seus limites e seus habitats. Ali seria o seu porto seguro, o lugar onde teria os seus companheiros, a sua família.

Ver toda aquela imensidão ao seu dispor, e ter a oportunidade de realizar seu sonho, era algo totalmente motivador ao jovem rapaz, que agradecia aos céus pela surpresa que seu tio deixou, que até morto lhe fazia feliz. Aquele foi o grande conforto de Balder.

A vontade de percorrer todo aquele ambiente, era algo mais motivante ainda, e o rapaz não esperava a hora de poder fazer isso. Mas só que... um barulho estava lhe chamando a atenção, era um ranger, e parecia ser ameaçador.

Tal barulho, ou voz, o que seja, parecia vir do segundo andar, numa área onde a luz não batia, deixando o local escuro aos olhos de Balder que não sabia o que tinha ali.

Um arrepio percorreu o corpo do menino, por mais que demonstrasse confiança, ele morria de medo de coisas assombradas. Ele se lembrava de filmes que havia visto quando criança sobre assustadores gengars e haunters que assombravam grandes casas perdidas no meio do nada. Incrivelmente parecidas com aquela casa coberta de pó. Ele engoliu a seco e respirou fundo, a casa era dele e não iria abrir mão dos seus sonhos assim tão facilmente. Passo a passo ele subiu as escadas e ficou olhando fixamente para a escuridão. Seu coração batia forte, quase saltando pela sua boca.

- Erh...oi, essa casa é minha!!

A sua voz saiu fraca e cheia de medo. Qualquer coisa que fosse, ele tinha certeza de que iria machuca-lo, então preparou os braços para se defender.

Mesmo com um medo evidente, o garoto não podia desistir de seus sonhos por um simples fantasma. Cheio de coragem, ou não, o garoto começou a subir as escadas degrau por degrau até chegar bem perto do local onde vinha os barulhos, que aumentavam a cada vez mais que o garoto se aproximava.

Quando o garoto começou a se pronunciar, logo foi interrompido por um pequeno ser saltando sobre seu corpo, fazendo o garoto se desequilibrar e cair pelas escadas até alcançar o chão empoeirado. Ao seu lado, aquele pequeno canino se encontrava também caído e um pouco machucado pela queda que havia sofrido junto com Balder. Olhando ele agora sem nenhuma escuridão por perto, ele parecia bem mais inofensivo do que aparentava ser quando o garoto não podia vê-lo.

Depois de quase ter tido um ataque do coração, Balder passou a mão na cabeça enquanto olhava em volta ainda um pouco zonzo.

- Ai...

Ele olhou a imagem do pequeno cachorro no chão machucado pela queda. Então se levantou e o pegou no colo com cuidado. Por mais que ele fosse um invasor, não merecia estar machucado. Ou talvez para o pokemon, Balder era o invasor, então estavam quites. Ele se levantou e analisou o pokemon para ver a profundidade dos ferimentos.

- Calma lá colega, não vim te machucar. Essa casa é minha, mas se você quiser, pode morar aqui comigo. Vamos ver esses ferimentos antes de tudo.

Balder tinha levado um tombo em tanto, mas junto com ele, o pequeno cachorro amarronzado tinha caído junto. Ele era o suposto fantasma a quem o rapaz estava com tanto medo. Heleny fez logo menção de criar uma amizade com o cão para evitar mais acidentes como aquele, por isso o pegou no colo e verificou se o mesmo estava bem depois da queda.

Lillup olhou para Balder, e começou a fazer barulhos ameaçadores ao rapaz, com certeza ele estava protegendo aquela casa. Talvez depois que seu tio morreu, o pequeno cão se abrigou por lá, e desde então sempre lidou com invasores como Balder.

Quando o garoto começou a falar de modo mais manso, e comentou que aquele lugar era dele, o cachorro então saltou do seu colo e começou a latir pra ele batendo uma de suas patas no chão. Com certeza ele estava dizendo que aquele lugar era dele. Ele tinha um temperamento muito forte.

Mas uma coisa era notável, aquele lugar não tinha nenhuma perfuração de ratos, ou outros invasores, Lillup parece ter protegido bem a mansão do tio de Balder. Mas parecia que o rapaz teria que conquistar a sua confiança antes que mais nada.

- Okay, okay. Calma lá pequeno.

Balder sorriu com a atitude do pokemon, tinha que admitir que o pokemon tinha potencial. Ele se abaixou até ficar perto da altura do bichinho.

- Certo, você tem a vantagem do uso capião dessas terras. Então façamos um acordo: dividimos. Eu não tenho nada contra você e você, espero, não tem nada contra mim. Nós dois queremos transformar essa fazenda num lugar melhor e você tem feito um ótimo trabalho. O que acha?

Balder respirou fundo e estendeu a mão na direção do pokemon.

O novato fazendeiro fez uma coisa que todos que tem pokémon deveriam fazer, conquistar a confiança do seu parceiro. Lillup sentiu isso vindo do treinador, e logo abaixo a guarda ficando mais calmo. As palavras de Balder vieram a calhar, e o pequeno cão logo entendeu o objetivo do rapaz.

O cachorro deu alguns latidos balançando a cabeça positivamente, dando a entender que eles tinham um acordo, pra logo após ele bater a patinha peluda dele na mão de Heleny que percebeu agora que tinha um parceiro.

Assim que o pokémon viu que Balder tinha um coração bom, começou a correr em direção a escada subindo até o ultimo degrau. Ele começou a latir como se quisesse lhe mostrar alguma coisa.

Balder respirou aliviado, não queria que o cachorrinho lhe mordesse. Ele sorriu e correu escada acima com o seu novo companheiro.

- O que foi? Precisamos pensar num nome para você, pequeno. Que tal....hum....Thor? Acho que combina com você. O poderoso Thor. Curti.....o que temos aí Thor?

Balder começou a olhar para onde o pokemon latia, talvez tivesse algo interessante por ali.

Tranquilo agora por ter um novo parceiro ao invés de um inimigo, Balder decidiu acompanha-lo até o andar de cima, lá o garoto decidiu dar um nome ao pequeno cão, que olhou pra ele com uma cara de dúvida, mas depois começou a bater no chão com força com uma de suas patas como se fosse um martelo, do mítico herói.

Depois de receber seu novo nome com bastante humor, o cachorro levou Heleny até um quarto cheio de caixas vazias, ele se aproximou de uma e deu uma patada na parte superior dela, fazendo a caixa tombar e rolar três pokébolas de dentro delas. O cachorro começou a latir, orgulhoso por ter um faro bom.

Balder pegou as três pokebolas e sorriu para Thor, pegando-o no colo em seguida.

- Você é muito bom!! Perfeito!! Acho que você não precisa de uma delas, né Thor?

Ele guardou as pokebolas no bolso e com o pokemon nos braços começou a descer as escadas. Ele colocou o pequeno no chão e abriu a porta da frente.

- Vamos explorar a fazenda?

Thor logo confirmou com a cabeça, o cachorro gostava de ser livre, e com a confiança conquistada pelo rapaz, não precisaria de uma pokébola pra ter ele sempre por perto.

Pegou o cachorro no colo e decidiu fazer um thur pela fazenda pra ver o que lhe aguardava naquela imensidão. Chegou até a porta de saída e entrada do Hall da casa, e colocou o cão no chão pra ele o conduzir pela local.

O cachorro começou a caminhar na frente de Balder lentamente, mas sem muita animação, aquele lugar estava vazio, parecia morto como um cemitério. Conforme Heleny andava pela fazenda, ele ia avistando terra e mais terra, não era nem possível ver o fim do seu cercado do outro lado. Era possível também ver um lago na sua propriedade, mas pelo visto ele estava seco. A única coisa de boa que talvez fosse de animar o rapaz, era que a grama estava bem verde e algumas árvores já estavam nascendo alguns frutos.

Ele respirou fundo ao ver o estado da fazenda. Então se sentou na grama ao lado de Thor.

- É...vamos ter um grande trabalho colega. Alguma idéia por onde começar?

Ele respirou fundo e passou a mão pelo pelo do seu novo amigo. Talvez a melhor coisa fosse sair por aí e procurar um pokemon de água para encher o lago. Talvez um pokemon lutador para ajudar com a parte de construções. Ou um pokemon....bem, ele não podia ficar dependendo somente dos pokemons, ele mesmo teria que por a mão na massa. Precisava saber se tinha alguma cidade por perto.

- Sabe se tem alguma cidade ou vilarejo nos arredores, Thor?

Após cinco meses parada e inativa, não seria nenhum espanto ver aquele lugar todo vazio, provavelmente os pokémons que tinha nela fugiram, ou morreram por falta de alimento e até mesmo água pra viver, um grande exemplo disso era aquele lago seco.

Pokémons de diversos elementos seriam de grande utilidade para levantar aquele lugar, mas ele não podia depender só disso, teria que por a mão na massa pra por vida naquela fazenda.

Perguntando a Lillup se tinha alguma cidade próxima, o cachorro começou a latir balançando o rabo e começou a correr ao norte.

Balder não sabia se aquilo era bom ou ruim, mas resolveu correr atrás do pokemon canino. Ele precisava, de um jeito ou de outro, renascer aquela fazenda. Precisava pensar num nome para ela, algo que refletisse o que ele tinha como objetivo com Thor.

- Muito bom Thor!!

Depois de sete minutos correndo atrás de Thor num pique sinistro, Balder avistou um pequeno vilarejo, que tinha três casinhas no máximo, com um pequeno Center que funcionava como Mart também. O local parecia humilde, e as poucas pessoas que andavam pela cidade pareciam fazendeiros ou esculpidores dos materiais que eles encontravam por perto, como madeira, e até mesmo em pedra.

Balder respirou fundo e colocou as mãos no joelho tentando recuperar o fôlego. Para quem estava acostumado com a vida com o tio rico, aquela cidade era, no mínimo, decepcionante. Porém tinha o que ele iria precisar. Ele caminhou com Thor ao lado até o centro pokemon, ali poderia obter mais informações sobre o que poderia fazer por aquelas bandas.

- Bom dia. Eu e o Thor somos os herdeiros da fazenda do tio Heleny e gostaríamos de saber o que se tem ao redor para fazer.

Para os moldes de um homem rico, com certeza aquele lugar não era os dos melhores pra viver, mas Kennedy queria morrer sossegado, longe do estresse da cidade, por isso provavelmente se repousou naquele lugar nos seus últimos dias de vida.

- Você é o herdeiro da fazenda Kennedy? Muito prazer em conhece-lo, sou Juna, a enfermeira desse Center, vamos ver muitas vezes por aqui. - Disse a enfermeira sendo cordial com o rapaz simpático. - Ah, tome esse mapa, ai tem todas as localizações mais próximas do vilarejo e até mesmo da sua fazenda, que é a maior da localidade.

Quando o garoto pegou o mapa, ficou deslumbrado com a infinidade de possibilidade de lugares que tinha por aquelas bandas, vinha desde cachoeiras, até vulcões inativos.

- Esse Lillup é seu? Já registrou ele na sua pokédex?

- Muito prazer Juna, esse é o Thor e eu me chamo Balder e, bem, eu não tenho uma pokedex. E ele não é meu não, somos amigos.

Balder estava debruçado em cima do mapa. Certeza que ele ia querer ir nas cachoeiras e nas florestas e nos vulcões e em tudo mais o que poderia. Ele havia colocado o mapa no chão para que Thor o pudesse ver também.

- Animado Thor? Quer ir onde primeiro? Ah.... Juna, tem como eu ter uma pokedex?

Balder sorriu com o que Thor fazia e concordava com ele plenamente.

- Vamos aos poucos Thor. Primeiro vamos ver esse senhor Ernesto e depois podemos começar a explorar, que tal?

O treinador guardou o mapa e agradeceu a Juna, saindo do Centro pokemon e indo para a casa informada. Thor caminhava ao seu lado. Ele bateu na porta.

- Bom dia!! Alguém em casa? Senhor Ernesto? Preciso de uma pokedex!!

A primeira meta do rapaz antes de seguir pelos quatros cantos daquele lugar, era pegar sua pokédex, mas para isso, ele teria que falar com um senhor que morava numa casa ao lado do Center, e foi pra lá que Balder se dirigiu.

- Pode entrar rapaz, a porta esta aberta... - Disse o coroa após ouvir as batidas do novato. Quando Heleny entrou no recinto, a porta atrás dele se fechou, fazendo com que Thor rangesse os dentes de raiva.

- Calma rapazinho... Enfim, o que você quer jovem bonito?

Balder se virou para Thor, se abaixou e passou a mão na sua cabeça. Depois se levantou e olhou para o senhor.

- Me desculpa te incomodar, senhor, mas eu gostaria de saber se o senhor poderia me ajudar a ter uma pokedex. Tipo, eu e o Thor queremos revitalizar a fazenda que o meu tio deixou para nós, mas precisamos saber mais sobre os pokemons que encontrarmos. Pode nos ajudar?

- Claro que eu posso te ajudar, mas sabe rapaz, estou muito tempo aqui nessa cabana sozinho... - Disse o velho olhando para Balder. - ... e gostaria de te pedir uma coisa que a muito tempo eu não faço. Será que você é capaz de dar pra mim o que eu quero ?

O velho coçava sua barba mal feita com um olhar pequeno para Balder. Thor só faltava pular em cima do coroa.